segunda-feira, 13 de outubro de 2025

A Página dos Enigmas nº 158

 

Policiaristas: Inspector Varatojo


Imagem retirada do blogue Inspector Fidalgo de 17 de maio de 2034. O Inspector Varatojo no Convívio de Torres Vedras em 1 de dezembro de 1996 


De todos os nomes ligados ao policiário em Portugal, este será aquele de quem é mais fácil obter informação na Internet. A tal facto, não será estranho que Artur Varatojo tenha durante vários anos tido programas na Rádio e na RTP, onde entrevistou, entre outros, Roger Moore, ator que interpretou o papel de James Bond (no cinema) e o de O Santo (numa série televisiva), e a escritora Agatha Christie, quando estes passaram em Portugal.

Com o nome de Artur Francisco Varatojo nasceu em 21 de agosto de 1926 e morreu em 28 de outubro de 2006.

Assinou os seus espaços com diferentes palavras: A. Varatojo. Artur Varatojo e Inspector Varatojo. Há ainda um outro pseudónimo que suspeito ser dele, mas a que me referirei mais à frente. Num espaço dedicado ao Western, usou ainda Bill Trinitá.

Desde cedo se dedicou à divulgação do policiário e à escrita de problemas, deixando de lado a decifração, pelo que apenas se encontra na produção uma única vitória, no 1º Concurso Mistério e Aventura, na revista Vida Mundial Ilustrada, no ano de 1945, com o extraordinário problema O Crime do Jogador


Imagem da revista Detective de 15 de maio de 1945


Não foi por não surgir frequentemente como vencedor dos torneios de produção que muitos dos seus problemas não marcaram a história do policiarismo em Portugal. Entre publicações originais e republicações podem encontram-se problemas da sua autoria em Vida Mundial Ilustrada, Diário Popular, Detective, Coleção Impressão Digital, ABC Policial, XYZ Magazine, O Crime, Camarada, Investigação, A Voz das Beiras, Magazine Diário Ilustrado e O Almeirinense. Falta saber se é o autor de muitos problemas publicados sem indicação do autor numa secção que orientava, Escola de Detectives, na revista Diabrete, e resta saber se era ele que orientava a secção Escola de Espionagem, no Mundo de Aventuras, sob o pseudónimo de Agente Secreto. O estilo da secção e o próprio título apontam para Artur Varatojo, no entanto não se encontra nenhuma confirmação do facto. Se for verdade, teremos mais um conjunto de problemas, aí publicados, usando a criptografia. Foi ainda um dos autores bastante publicado por M. Constantino em O Grande Livro da Problemística Policiária. Refira-se um dos seus problemas mais conhecidos, e muitas vezes republicado, como exemplo de bom problema e de uso do estilo Eliminatórias: Alguém guardara o velho revólver.

 


Artur Varatojo na revista O Detective  de 15 de maio de 1945

Bastante cedo na sua vida, começou a orientar secções e em 1946 orientou Selecção Policial na Colecção Impressão Digital.

No final de 1947 começou Escola de Detectives Diabrete, até 24 de abril de 1948. O Diabrete era uma revista infantil de banda desenhada e Artur Varatojo coordenou a secção durantes os primeiros tempos desta.

Como orientador, a sua intervenção é muito vasta. Há notícias de que terá, na década de 50 orientado uma secção, Seja Detective, na revista Cartaz. No ano de 1954, na revista Investigação, designadamente em fevereiro de 1994, Artur Varatojo surge com Ginásio Mental. Os jornais desportivos também foram marcados por Artur Varatojo. Neste ano de 1954 orientava no jornal Mundo Desportivo a secção Policias e … Ladrões.

Em 1958 no Diário Ilustrado é o responsável pela secção Gabinete do Inspector Varatojo.

Em 1961 volta às revistas de banda desenhada, orientando Clube do Mistério na revista Foguetão, entre 4 de maio e 27 de julho de 1961. Neste mesmo ano a secção ABC Policial é por si orientada no Século Ilustrado.


Página de Clube do Mistério


Em 19 de janeiro de 1963 começou a difundir o 5º Programa na então Emissora Nacional. Depois passou para o Rádio Clube Português, e, finalmente, para a Rádio Renascença, já no final da década seguinte. Nesse ano, surge como orientador da secção policiária Crime e Castigo no jornal O Fermento.

Em 1968 Artur Varatojo orienta mais uma Escola de Detectives. Desta vez, na revista Pisca–Pisca, um órgão não oficial da Mocidade Portuguesa. A secção duraria entre o número 1 da revista, em janeiro de 1968, e terminaria no seu número 17, em julho de 1969.


O Inspector Varatojo no Pisca-Pisca número 1


A secção da revista Pisca-Pisca


Em 1975, surge como responsável pela revista Crime e pela secção ABC  Criminal.

A técnica criminal foi o conteúdo da secção Aprendiz de Sherlock no Mundo de Aventuras Especial entre dezembro de 1975 e junho de 1977.

Cabeçalho da secção do Mundo de Aventuras Especial


Em 1977 orientou na revista Crónica Feminina a secção Sherlock de Saias.

Já na década de 90 retoma a orientação de secções, coordenando Policial/Mente na Revista de Investigação Criminal.

Página de Policial/Mente


Na televisão teve os programas ABC Policial e Selecção do Crime.

Além de ser autor de muitos problemas policiários também escreveu alguns contos, por vezes com a personagem Richard Evil, que também surge em alguns problemas. Célula Cinzenta, ABC Policial, Bolso Noite e XYZ Magazine e Mundo de Aventuras Especial foram algumas das publicações onde viu publicados alguns dos seus contos.

Mas além das múltiplas secções que orientou, e dos programas de televisão e de rádio que foram da sua responsabilidade, não se pode esquecer a sua obra ABC Policial, com inúmeras informações técnicas, problemas policiários, informações biográficas, contos, testes e informações várias de âmbito policial do qual foram publicados 6 volumes, entre 1954 e 1968.


Capa do ABC Policial número 1



Contracapa do ABC Policial número 6

Em 1985 na editora Civilização publicou os vários fascículos de Varatojo Conta-lhe.

Em 1991, com desenhos de José Ruy, publicou na Editorial Notícias ABC Criminal.

Também em 1991 na Porto Editora publicou Aprendiz de Sherlock.

A editora Elos publicou em 1991 Detectives Famosas – de Nancy Drew a Miss Marple.

No ano de 1999, Crime com Elas foi o livro editado pela Ésquilo.

Em 2003, editado pela Bertrand Editora saiu o livro Contos de Natal do Inspector.


Capa do livro Contos de Natal do Inspector


Já postumamente foi editado pela Âncora Editora o livro de Crónicas, Autópsia de um Crime.

Sem dúvida que se está perante um dos principais divulgadores do policiário em Portugal, talvez o mais relevante, pelo acesso que teve aos meios de comunicação social.

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