Policiaristas: Inspector Varatojo
De todos os nomes ligados ao policiário
em Portugal, este será aquele de quem é mais fácil obter informação na
Internet. A tal facto, não será estranho que Artur
Varatojo tenha durante vários anos tido programas na Rádio e na RTP, onde
entrevistou, entre outros, Roger Moore,
ator que interpretou o papel de James Bond (no cinema) e o de O Santo
(numa série televisiva), e a escritora Agatha Christie, quando estes
passaram em Portugal.
Com o nome de Artur Francisco Varatojo nasceu em 21 de agosto de 1926 e morreu em
28 de outubro de 2006.
Assinou os seus espaços com
diferentes palavras: A. Varatojo. Artur
Varatojo e Inspector Varatojo. Há ainda um outro pseudónimo que suspeito
ser dele, mas a que me referirei mais à frente. Num espaço dedicado ao Western,
usou ainda Bill Trinitá.
Desde cedo se dedicou à divulgação do policiário e à escrita de problemas, deixando de lado a decifração, pelo que apenas se encontra na produção uma única vitória, no 1º Concurso Mistério e Aventura, na revista Vida Mundial Ilustrada, no ano de 1945, com o extraordinário problema O Crime do Jogador.
Não foi por não
surgir frequentemente como vencedor dos torneios de produção que muitos dos
seus problemas não marcaram a história do policiarismo em Portugal. Entre
publicações originais e republicações podem encontram-se problemas da sua
autoria em Vida Mundial Ilustrada, Diário
Popular, Detective, Coleção Impressão Digital, ABC Policial, XYZ Magazine, O
Crime, Camarada, Investigação, A Voz das Beiras, Magazine Diário Ilustrado e O Almeirinense. Falta saber se é o
autor de muitos problemas publicados sem indicação do autor numa secção que
orientava, Escola de Detectives, na revista Diabrete, e resta saber se era ele que orientava a secção Escola
de Espionagem, no Mundo de Aventuras,
sob o pseudónimo de Agente Secreto. O estilo da secção e o próprio título apontam
para Artur Varatojo, no entanto não
se encontra nenhuma confirmação do facto. Se for verdade, teremos mais um
conjunto de problemas, aí publicados, usando a criptografia. Foi ainda um dos
autores bastante publicado por M.
Constantino em O Grande Livro da Problemística Policiária. Refira-se
um dos seus problemas mais conhecidos, e muitas vezes republicado, como exemplo
de bom problema e de uso do estilo Eliminatórias: Alguém guardara o velho revólver.
Bastante cedo na sua vida, começou a
orientar secções e em 1946 orientou Selecção Policial na Colecção Impressão Digital.
No final de 1947 começou Escola de
Detectives Diabrete, até 24 de abril de 1948. O Diabrete era uma revista infantil de banda desenhada e Artur Varatojo coordenou a secção
durantes os primeiros tempos desta.
Como orientador, a sua intervenção é
muito vasta. Há notícias de que terá, na década de 50 orientado uma secção, Seja
Detective, na revista Cartaz. No
ano de 1954, na revista Investigação, designadamente em fevereiro de 1994, Artur Varatojo surge com Ginásio
Mental. Os jornais desportivos também foram marcados por Artur Varatojo. Neste ano de 1954
orientava no jornal Mundo Desportivo
a secção Policias e … Ladrões.
Em 1958 no Diário Ilustrado é o responsável pela secção Gabinete do
Inspector Varatojo.
Em 1961 volta às revistas de banda
desenhada, orientando Clube do Mistério na revista Foguetão, entre 4 de maio e 27 de julho de 1961. Neste mesmo ano a
secção ABC Policial é por si orientada no Século Ilustrado.
Em 19 de janeiro de 1963 começou a difundir o 5º Programa na então Emissora Nacional. Depois passou para o Rádio Clube Português, e, finalmente, para a Rádio Renascença, já no final da década seguinte. Nesse ano, surge como orientador da secção policiária Crime e Castigo no jornal O Fermento.
Em 1968 Artur Varatojo orienta mais uma Escola de Detectives. Desta
vez, na revista Pisca–Pisca, um órgão
não oficial da Mocidade Portuguesa. A secção duraria entre o número 1 da revista,
em janeiro de 1968, e terminaria no seu número 17, em julho de 1969.
Em 1975, surge como responsável pela
revista Crime e pela secção ABC Criminal.
A técnica criminal foi o conteúdo da
secção Aprendiz de Sherlock no Mundo
de Aventuras Especial entre dezembro de 1975 e junho de 1977.
Em 1977 orientou na revista Crónica Feminina a secção Sherlock
de Saias.
Já na década de 90 retoma a
orientação de secções, coordenando Policial/Mente na Revista de Investigação Criminal.
Na televisão teve os programas ABC Policial e Selecção do
Crime.
Além de ser autor de muitos problemas
policiários também escreveu alguns contos, por vezes com a personagem Richard Evil, que também surge em
alguns problemas. Célula Cinzenta, ABC
Policial, Bolso Noite e XYZ Magazine e Mundo
de Aventuras Especial foram algumas das publicações onde viu publicados
alguns dos seus contos.
Mas além das múltiplas secções que
orientou, e dos programas de televisão e de rádio que foram da sua
responsabilidade, não se pode esquecer a sua obra ABC Policial, com inúmeras informações técnicas, problemas
policiários, informações biográficas, contos, testes e informações várias de
âmbito policial do qual foram publicados 6 volumes, entre 1954 e 1968.
Em 1991, com desenhos de José Ruy,
publicou na Editorial Notícias ABC
Criminal.
Também em 1991 na Porto Editora
publicou Aprendiz de Sherlock.
A editora Elos publicou em 1991 Detectives Famosas – de Nancy Drew a Miss
Marple.
No ano de 1999, Crime com Elas foi o livro editado pela Ésquilo.
Em 2003, editado pela Bertrand Editora
saiu o livro Contos de Natal do
Inspector.
Já postumamente foi editado pela
Âncora Editora o livro de Crónicas,
Autópsia de um Crime.
Sem dúvida que se está perante um dos
principais divulgadores do policiário em Portugal, talvez o mais relevante, pelo acesso que teve aos meios de comunicação social.
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