domingo, 25 de fevereiro de 2024

A Página dos Enigmas nº 12

 


Relembramos que até ao final do dia 29 de fevereiro ainda pode ser enviada a solução de O Assalto ao Banco Royal.

Segue-se, agora, um pequeno texto sobre o uso do termo policiário.


Policial ou Policiário ?

A palavra Policiário, apesar do seu uso de décadas, não surge grafada nos dicionários, com razões que só os linguistas poderão apresentar.

Fernando Pessoa disse que “a minha pátria é a língua portuguesa”, e, este reconhecido autor da língua escrita em português, redigiu, em 13 de janeiro de 1935 , numa carta dirigida a   Adolfo Casais Monteiro, “ … ou se deveria abrir com uma novela policiária, que ainda não consegui completar.”

Refira-se que Adolfo Casais Monteiro foi tradutor, crítico literário e poeta. Nasceu em 4 de julho de 1908 e faleceu em 24 de julho de 1972.

Voltando ao tema deste texto, faça-se ainda ainda alusão a que, em resposta a uma outra missiva, Fernando Pessoa escreve de novo a Casais Monteiro, em 20 do mesmo mês, “Até à data que indico como provável para o aparecimento do livro maior, devem estar publicados ‘O Banqueiro Anarquista’ (em nova forma e redação), uma novela policiária (que estou escrevendo e não é aquela a que me referi na carta anterior…”.

A palavra Policiária é então usada por Fernando Pessoa, nestas duas cartas, num contexto que difere de policial. O Policiário insere-se numa atividade lúdica de escrita e de leitura, que difere do policial associado à atividade real das polícias.

Considerando esta primeira utilização da palavra por Fernando Pessoa e o seu uso, em diversas publicações ao longo de mais de 70 anos, também aqui será usado o termo policiário para a atividade que gera o conteúdo deste blogue.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

A Página dos Enigmas nº 11

 



É feita a publicação do 2º problema do Torneio Memória, O assalto ao Banco Royal, cujo regulamento foi publicado em A Página dos Enigmas  nº 4.

Este torneio é constituído por problemas com mais de 65 anos. São enigmas publicados nas décadas de 40 e 50 do século passado.

O Assalto ao Banco Royal é um problema policiário que tem associada uma imagem, situação que foi muito frequente em algumas secções policiárias que fizeram história.

O problema que hoje  se publica é muito simples, como o eram a generalidade dos enigmas publicados na secção de onde ele é originário, dirigida, por via da revista onde era publicada, a policiaristas muito jovens.

As soluções poderão ser enviadas para  o endereço de e-mail deste blogue, apaginadosenigmas@gmail.com, até ao final do dia 29 de fevereiro de 2024. 

Que ninguém falte!


Torneio Memória

Problema nº 2

O Assalto ao Banco Royal

Eram duas horas da tarde. Uma daquelas tardes quentes de Agosto. Só aqui ou ali — por absoluta necessidade — um raro transeunte se arriscava a sair para a rua e a meter-se debaixo do sol escaldante, que derretia tudo.

Ninguém notou por isso o automóvel cinzento que descia vagarosamente a rua, e que parou junto da porta do Royal Bank, de New York.

Do interior do carro saiu um homem de fato claro, chapéu de sábado e óculos escuros. Trazia uma mala pequena e transpôs a porta giratória do Banco, com aparente à vontade.

Lá fora o motor do carro continuava a trabalhar, recortando-se ao volante a sombra de outro homem.

Estava-se na hora do almoço e, no Banco, os poucos empregados que haviam ficado de serviço levantaram os olhos ensonados para o intruso, mas voltaram a baixá-los com desinteresse, e este pôde aproximar-se da Caixa sem que nenhum deles o seguisse com o olhar.

Se algum o tivesse feito, teria notado decerto a cara surpreendida do «caixa», e estranhado a expressão de terror com que o empregado acolhera o cliente desconhecido.

Este apontava-lhe uma pistola, ao mesmo tempo que murmurava:

— Se você der o alarme, mato-o, como um cão!

E acrescentou:

— Traga-me todo o dinheiro que tem na caixa, se tem amor à vida!... E nem um gesto suspeito, senão...

Atemorizado, o homenzinho obedeceu, trazendo vários maços de notas, que o assaltante se apressou a guardar na pequena mala. Ao arrumar o último, recomendou de novo:

—Se gritar antes de eu sair, não terei a mínima dúvida em abatê-lo!

Mal voltara costas porém, a campainha de alarme retiniu por todo o edifício, e o empregado teve que abrigar-se por trás do balcão, para evitar que o tiro disparado o atingisse. Perante o espanto de todos, o gatuno alcançava o automóvel, e este desaparecia pela rua, numa corrida vertiginosa.

Não tão rápida porém, que não desse tempo ainda a que um dos empregados — que correra  logo em perseguição do gatuno — visse o número do carro. Esse número era o: 98601.

Em breve as estações de rádio transmitiam os sinais e número do carro. Horas depois, o nosso «Inspector Diabrete» mandava deter o carro que vemos na gravura, quando este passeava calmamente nas ruas da cidade. «Diabrete» averiguara que não existia nenhum carro com o número: 98601. 

Ter-se-ia o nosso inspetor enganado desta vez, ao mandar deter o carro, cujos ocupantes protestaram energicamente?


A solução deve ser enviada até ao dia 29, (final do dia), para apaginadosenigmas@gmail.com.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

A Página dos Enigmas nº10

 


É hoje publicada a solução ao problema nº 1 do Torneio Memória, Crime no Parque, publicado em 10 de janeiro.

O problema tem como autor o Inspector Moisés. e foi publicado originalmente na revista Camarada número 22, em 15 de outubro de 1948, na secção Mistério e Aventura, orientada por Sete de Espadas, já passaram mais de 75 anos.

A revista Camarada era uma publicação juvenil, propriedade da Mocidade Portuguesa. Esta organização enquadrava os jovens dentro da ideologia do Estado Novo, e a revista começou por ser dirigida por Baltazar Rebelo de Sousa, pai do atual Presidente da República.

Sete de Espadas foi um grande divulgador do policiário em Portugal, mantendo-se em atividade entre o final dos anos 40 e o fim da primeira década deste século.

A secção Mistério e Aventura, título várias vezes usado por Sete de Espadas nos espaços que orientou, realizou alguns torneios que mostraram vários policiaristas que se iriam evidenciar nos anos seguintes, sofrendo a secção, na sua fase final, com a irregularidade com que era publicada.

O Inspector Moisés, foi um policiarista que se manteve em atividade algumas décadas, fosse como solucionista ou como autor de problemas. Podemos encontrá-lo na década de 40, como neste caso, assim como na década de 70, marcando presença como solucionista e produtor na secção Enigma Policiário, orientada pelo Inspector Aranha. 

Este terá sido um dos primeiros problemas que escreveu. 

Foi também um notável charadista e cruzadista, tendo, nestas modalidades, adotado o pseudónimo de El Nunes.

Ernesto Nunes, o Inspector Moisés, faleceu com 93 anos em 18 de fevereiro de 2022.


Solução

A solução aqui apresentada surge como foi publicada originalmente na revista Camarada, não havendo indicação se é um texto do Inspector Moisés (o autor) ou de Sete de Espadas (o orientador da secção).

1.º — Foi Mota o assassino, porque...

2.º — ...Porque a sua mentira o denuncia. De facto, ele que estava aos remos, (porque era ele que «pretendia atracar, encostando a popa») estava necessariamente virado para o cais, e portanto não teria necessidade de se voltar para ver o «falso vulto» fugindo no Parque...


Comentário

A solução adotada será a do produtor do problema, embora ela possa trazer alguns problemas, dada a simplicidade com que o texto do enigma foi escrito.

Foram  também aceites como respostas corretas, respostas diferentes, desde que indicassem explicitamente a contradição de visualização do criminoso, indicada pelo inspetor Moisés.

Embora houvesse a ideia inicial, de fazer variar mais as classificações, foi decidido aplicar apenas o critério que a seguir está estabelecido.

Houve um bom número de soluções recebidas que se destacam pela qualidade, embora O Gráfico apresente uma resposta que se sobrepõe a todas as outras. A quantidade de pormenores focados na solução como, a título de exemplo, a análise declarações dos suspeitos e o destino da arma, foram tidos em conta para fazer a seleção, assim como o modo como a solução era "embrulhada".

Na originalidade, é a solução de Mac Jr. que se destaca, não sendo muitos os concorrentes que apresentam respostas que se evidenciem por serem originais.


Critério Classificativo.

Quem indica o assassino e justifica corretamente - 10 pontos

Quem indica o assassino correto mas não justifica corretamente - 9 pontos

Quem indica o assassino errado - 8 pontos


Os policiaristas indicados com a sigla  TPBRO são elementos da Tertúlia Policiária Blogue Repórter de Ocasião.

Classificação  do problema

Geral

10 pontos (22 concorrentes)

Arjacasa (TPBRO); Bernie Leceiro; Búfalos Associados; Cláudia Martinho; Clóvis; Cris; Detective Nabo; Detective Jeremias; Guilherme; Inspector Boavida; Inspector Moscardo; Kali Mero; Karl Marques: LS & MaG; Mac Jr; Mali(TPBRO); Menino Nelito; Mister H; Núbis; O Gráfico (TPBRO); Rosa Marques; Xá do Reino.

9 pontos ( 4 concorrentes)

Abrótea; Bertita; Doula; Háspide

8 pontos ( 5 concorrentes)

Detective Vasofe; Inspetora Marta; Pedro Ribeiro; Poluidora; Tiago Reis

 Total: 31 concorrentes


Melhores

O Gráfico (TPBRO) - 5 pontos

LS & Mag - 4 pontos

Detective Jeremias - 3 pontos

Mac Jr. - 2 pontos

Bernie Leceiro . 1 ponto


Originalidade

Mac Jr. - 5 pontos

O Gráfico - 4 pontos

Bernie Leceiro - 3 pontos

Inspector Moscardo - 2 pontos

Xá do Reino - 1 ponto


Classificação Geral (após o 1º problema)

Indica-se o lugar de cada solucionista, ou grupo de solucionistas, quando a solução não é individual, na Classificação Geral.

À frente da pontuação, a alínea do artigo 12º do regulamento utilizada no desempate.

1º O Gráfico (TPBRO)    10 pontos     a

2º LS & MaG   10   pontos        a

3º  Detective Jeremias  10  pontos         a

4º Mac Jr   10    pontos       a

5º Bernie Leceiro  10  pontos         a

6º Inspector Moscardo      10   pontos        g

7º Xá do Reino    10  pontos         g

8º Clóvis    10 pontos       o

9º Cláudia Martinho     10 pontos      o

10º Mali(TPBRO)      10  pontos       o

11º Menino Nelito  10 pontos     o

12º Kali Mero       10  pontos      o

13º Arjacasa (TPBRO)       10   pontos     o

14º Búfalos Associados     10   pontos      o

15º Cris        10 pontos          o

16º Inspector Boavida    10  pontos      o

17º Detective Nabo       10  pontos     o

18º Guilherme     10 pontos      o

19º Núbis    10 pontos       o

20º Karl Marques    10 pontos      o

21º Mister H     10 pontos     o

22º Rosa Marques    10  pontos     o

23º Bertita  9 pontos        o

24º Abrótea      9 pontos        o

25º Doula    9 pontos        o

26º Háspide      9 pontos        o

27º Detective Vasofe   8 pontos         o

28º Tiago Reis      8  pontos        o

29º Inspetora Marta    8 pontos       o

30º Poluidora      8  pontos      o

31º Pedro Ribeiro     8  pontos        o


Combinado

O Gráfico 4 pontos

Mac Jr   9 pontos

Bernie Leceiro  13 pontos


As classificações da Originalidade e Melhores coincidem, neste 1º problema, com a classificação do problema.


Sorteio do prémio

Aos 31 solucionistas foram atribuídos, por ordem alfabética, os números que se seguem na imagem.





Feito o sorteio, obteve-se o número 17.


Parabéns à vencedora:  Mali (TPBRO)

Receberá o livro O Fim de Philip Banter.

Dia 10 será publicado o problema número 2 do Torneio Memória.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A Página dos Enigmas nº 9

 


NOTICIAS


Local do Crime

Encontram-se em publicação os contos subordinados ao tema Um caso Policial no Natal.

Já foram publicados os dois primeiros contos, O contrato, de Fernando A. F. Aleixo, e O Fantasma do Hotel Infante de Sagres, de Bernie Leceiro, podendo os leitores votar  no conto de Bernie Leceiro, de acordo com o regulamento, enviando a pontuação proposta, entre 5 e 10 pontos, para salvadorsantos949@gmail.com.


Blogue Repórter de Ocasião

Foi publicado o problema nº 2 do  Torneio Cultores do Policiário, que pretende homenagear seis policiaristas. Este segundo problema intitula-se   Crime ao Sol, é da autoria de Faria, e as soluções devem ser enviadas até ao dia 29 de fevereiro para reporter.de.ocasiao@gmail.com.

Sublinhem-se as várias classificações em disputa neste torneio: Combatividade, homenageando Jartur; Decifração, homenageando Big Ben; Melhores, homenageando o  Inspector Aranha; Originais, homenageando o Inspector Boavida; Produção, Homenageando o LP; Combinado, homenageando o Daniel Falcão. 


Clube de Detectives

Continua a fazer a divulgação do policiário presente e passado. Além das ligações aos blogues ativos, e da recordação de secções e problemas publicados noutros tempos, vai divulgando o acervo  do Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa, que acumula o resultado das pesquisas efetuadas pelo confrade Jartur.


O Inspector Fidalgo

Luís Pessoa voltou a publicar assuntos do policiário. Desta vez, é um blogue que se destina a publicar fotografias de encontros de policiaristas, que foram marcando o tempo e o espaço.