Policiaristas - Sete de Espadas
A página de hoje é sobre aquele que é
considerado o principal nome do policiário português. Sem dúvidas, que para a
geração que se iniciou em Mistério Policiário será a maior referência. Nasceu
na Chamusca em 1 de fevereiro de 1921 e faleceu em 9 de dezembro de 2008. Tinha o nome era Manuel José da Piedade Lattas. O seu início no policiário ocorreu numa
secção dirigida por Gentil Marques (Repórter Mistério), ficando sempre ligado
ao policiário.
A sua maior notoriedade surgiu como
produtor e seccionista, atividades que lhe ocupavam muito do tempo necessário
para se ser um solucionista de excelência. Nas palavras de Luís Pessoa, Sete de
Espadas é o homem que expandiu o policiário português e lhe deu expressão.
Em abril de 1955 realizou-se o primeiro convívio policiário em Ponte de Sôr, cuja reportagem Sete de Espadas publicou em 1976 no Mundo de Aventuras.
Quanto ao início da sua atividade
policiária, já foi escrito como terá ocorrido, não se sabendo datas exatas, mas
não será de excluir a secção Mistério e Aventura, na Vida Mundial Ilustrada.
Seria com esta designação, Mistério e
Aventura, que em 12 de janeiro de 1947, Sete de Espadas orientaria a primeira
das muitas secções que tiveram o seu nome na coordenação do espaço, no Jornal de Sintra.
O Jornal de Sintra, era um jornal regional
generalista, aberto a todo o público, nomeadamente o adulto, pelo que em 15 de
março de 1948 aparece uma grande inovação com a secção surgida na revista
Camarada, órgão da Mocidade Portuguesa, portanto ligada ao Estado Novo, que
se dirigia a um público muito mais jovem, designadamente, o infantil. Era uma
mudança muito grande nos objetivos de uma secção policiária, entre o que se
passava no Jornal de Sintra e na revista Camarada. Era uma segunda versão de
Mistério e Aventura, mas com um público muito diferente. A secção da revista
Camarada terminou em 30 de dezembro de 1950.
A década de 50 faz Sete de Espadas surgir
em múltiplos locais, orientando secções.
Em 1953 na revista Lente orientou mais uma
seção Mistério e Aventura.
Em 1953, em mais uma publicação da
Mocidade Portuguesa, a revista Guião, surge Mistério e Aventura. Com o mesmo
nome, e nesse mesmo ano, surgiu na orientação de uma secção no jornal O Sporting.
Entre 14 de agosto de 1954 e 7 de dezembro
de 1957 orientou uma secção em mais uma revista de banda desenhada, no Cavaleiro Andante. Foi Página
17, assim chamada, por, inicialmente, ser nessa página da revista que era
publicada. Inicialmente assinou a orientação da secção como Misterioso C. A., e
depois como D. Misterioso.
Em 1954, na companhia
de Rui Silvestre faz a orientação de uma secção em O Mundo Automobilístico: O
Crime Não Compensa.
Também em 1954 em mais um jornal ligado ao
regime político, Ordem Nova, orienta Na Pista da Verdade. Ainda nesse ano
orienta Mistério e Aventura no jornal Actualidades.
Em Fim de Livro, foi uma das secções mais interessantes que existiu. Não tinha as limitações de espaço que existiam nas outras publicações e surgia nas últimas páginas da Coleção Xis. Surgiu em 1953 e terminou, por decisão do editor em 1956, devido a um conflito surgido entre Sete de Espadas e um concorrente.
Em 1975 regressou na revista Crime, entre fevereiro e setembro, e em 13 de março desse mesmo ano, na revista Mundo
de Aventuras, mais uma revista dedicada à juventude, surgiu a orientar uma secção que
foi alfobre de muitos policiaristas, Mistério Policiário, que só terminaria
mais de 11 anos depois, em 1 de abril de 1986.
No mesmo ano de 1975, surgiu na revista
Mundo de Aventuras Especial com mais uma secção. A revista tinha uma publicação
muito irregular, tendo, apenas, durante alguns meses de 1976, periodicidade
mensal. A secção chamava-se Há Horas para tudo… esta é a hora do Policiário. Começou na revista publicada em maio de 1975 e terminou em dezembro de 1978,
num total de 17 revistas.
Em Agosto de 1976, iniciou mais uma secção
chamada Mistério e Aventura, desta vez na revista Quebra-Tolas.
Pouco depois tornou-se o principal responsável pelo Magazine XYZ e, alguns anos depois, criou no semanário O Crime, a secção Mistério e Aventura, entre 1984 e 1989.
Após o fim de Mistério e Aventura, em O Crime, orientou no mesmo semanário a secção Édipo e Esfinge, desde 1996 até à sua
morte, onde também apresentava Charadas.
Entre novembro de 1998 e maio de 2001, orientou mais uma secção Mistério e Aventura na revista Selecções BD.
Pode-se ver, por todos estes exemplos, os
grandes esforços feitos por Sete de Espadas na divulgação do Policiário, não se
devendo esquecer o grande papel que desempenhou na edição de XYX Magazine, que
se publicou até ao número 35, (não saíram o 30 e o 31).
Já nos anos 50 tinha tido um papel muito importante no Clube XYZ e que editou o Boletim XYZ. Seria aliás esse clube que estaria na génese do final da secção Em Fim de Livro.
Sete de Espadas esteve presente em
múltiplos convívios, designadamente na época do Mistério Policiário, onde, quase
com frequência mensal, ele corria o país marcando presença nos diferentes
encontros e contribuindo desse modo para a divulgação do policiário.
Logo no início da sua carreira como policiarista Sete de Espadas começou a escrever problema policiários. Teve problemas publicados em muitos locais: Jornal de Sintra, Altura, Camarada, Em Fim de Livro, Página 17, Flama, Mundo de Aventuras, Mundo de Aventuras Especial, Passatempo, O Crime, O Almeirinense, Sábado, Guião, Cavaleiro Andante, Correio do Ribatejo, Público e Selecções BD. Em alguns casos tratou-se de republicações.
O tempo que a orientação de tantas secções lhe levava não lhe permitia ser um solucionista de excelência, pois tal obrigava a uma longa atenção aos problema, mas a produção de problemas já lhe permitia, por não ser tão longa, a escrita de alguns bons enigmas.
Desse modo foi vencedor em produção no
Torneio de Preparação , na revista Guião, em 1953 e em 1958 do I Torneio Nacional de Problemística Policiária.
É bastante fácil encontrar imagens que registem a
presença de Sete de Espadas em numerosos convívios nos anos 70, mas quer
anteriormente, quer posteriormente, é possível encontrar fotografias suas nos vários locais do
país onde foram decorrendo esses encontros.