quarta-feira, 10 de abril de 2024

A Página dos Enigmas nº 19

 



Publica-se o 4º problema do Torneio Memória, Fúria Homicida, e relembra-se que é possível reler o regulamento em A Página dos Enigmas nº 4, ou, clicando na parte superior da página em Regulamentos, ou aqui.

Este torneio é constituído por problemas com mais de 65 anos. São enigmas publicados nas décadas de 40 e 50 do século passado.

As soluções deste problema policiário, que agora é publicado, poderão ser enviadas para apaginadosenigmas@gmail.com até ao final do dia 30 de abril de 2024.

Apenas no último parágrafo há uma alteração de texto em relação ao original, pois o autor convidava os leitores da secção onde o problema foi publicado a fazerem a sua resolução, e, desse modo, se se mantivesse o texto original, ficaria identificado o local de publicação.

Tal como já sucedeu em problemas anteriores, não foram feitas correções de pontuação em relação ao original, apenas se atualizando a ortografia de algumas palavras, designadamente a eliminação de consoantes mudas. Foi ainda, excecionalmente, introduzida uma vírgula, porque a sua ausência levaria a um caminho de resolução completamente diferente.  Muito provavelmente, tratar-se-á de uma gralha na publicação original.

Muita atenção a este enigma policiário. Será, deste torneio, o de maior dificuldade entre os problemas já publicados.

Mas, vamos ao problema.

Torneio Memória


Problema nº 4

Fúria  Homicida


Dificilmente aquele homem se mantinha de pé. A face magra e encovada agitava-se à medida que os lábios, descorados, soltavam palavras roucas, balbuciantes, impercetíveis, com as quais procurava explicar àquele desconfiado inspetor, a sua difícil posição de testemunha do drama.

O corpo seco e esquelético, mais parecia um cabide segurando um fato escuro e pouco limpo. Cambaleou uma vez mais e sentou-se na cadeira que o inspetor Brancardo lhe indicou. Respirou fundo e a face ganhou um pouco de cor. Agora, a voz saía-lhe mais nítida, mais firme:

 — «Quando ouvi a campainha, dirigi-me calmamente para o escritório, e ao abrir a porta deparou-se-me um quadro ao qual não resisti: o meu atual estado de fraqueza traiu-me... De costas para mim, um vulto embuçado (com um sobretudo de gola levantada e um chapéu enterrado na cabeça), descarregava tremenda pancada no crânio do... do Sr. José, com uma pesada alavanca de ferro. Foi horrível! Ao som medonho, sinistro, que os ossos fizeram sob o impacto irresistível daquela clava, manejada com ambas as mãos numa estúpida fúria homicida, não resisti: um grito de horror gelou-se-me na garganta e perdi o conhecimento. Quando recuperei os sentidos, peguei no telefone e chamei a polícia...»

O inspetor Brancardo deu-se por satisfeito e entregou o criado ao sargento Lima, que colheu dele os dados usuais de identificação: Manuel Almeida da Silva, 35 anos, criado, há três meses ao serviço do falecido, diabético, etc.,

Mais tarde, no gabinete de trabalho, a atenção do inspetor concentrou-se nos pormenores que o levariam à prisão do criado. Este, algumas horas antes, confessara ter sido despedido pelo morto, que não o achava em condições de continuar ao serviço da casa...

O inspetor Brancardo compreendeu então que o homem tinha um bom motivo para se vingar do patrão, até porque num frasco que contivera acónito, foram encontradas as suas impressões digitais.

A campainha do escritório não tocava, pois os fios tinham sido cortados recentemente com uma tesoura. Segundo o relatório do médico legista, a morte do Sr. José Pancrácio fora instantânea devido ao esmagamento do encéfalo, mas encontraram-se ves­tígios duma dose letal de acónito.

O inspetor Brancardo apurou também que a vítima tinha alguns inimi­gos, e que, por diversas vezes havia sido ameaçada de morte.

De posse destes dados, Brancardo convida os leitores a desvendar este enigma.

PERGUNTA-5E:

1) Por que razão foi o criado preso?

2) Teria falado verdade?

3) Como pensa que o caso tenha ocorrido?


 A solução deverá ser enviada para apaginadosenigmas@gmail.com até ao final do dia 30 de abril de 2024


1 comentário:

  1. -Uiiii... creio estar(mos) na presença de um original, incomum, Problema Policiário...! O que mais (me) irá acontecer!?
    - O Gráfico (TPBRO)

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