quarta-feira, 25 de setembro de 2024

A Página dos Enigmas nº 39

 


Como construir um problema policiário


Construir um bom problema policiário é demorado e dá algum trabalho. Ao invés de quando se redige ficção romanesca ou um ensaio, em que as ideias poderão sobrevir à medida que se escreve, quando se pretende elaborar um problema policiário há que pensar primeiro na solução, a "chave", e depois pensar na forma de a esconder no que se escreve. É necessário saber o que se pretende obter do texto. O autor tem que saber a solução antecipadamente, para depois espalhar no texto apresentado ao concorrente todos os elementos necessários, o mais dissimuladamente possível. 

Ao mesmo tempo que semeia os elementos que conduzem à resposta correta, o autor tem que "fechar" todas as outras portas possíveis, para que não possa surgir mais do que uma solução, o que é uma situação que surge com mais frequência do que se pensa. Muitas vezes o autor "vê" uma solução, mas deixa abertas outras portas que o solucionista pode aproveitar.

Todos os caminhos alternativos ao que está na solução têm que ser impossíveis, todos os raciocínios diferentes dos que conduzem à resposta correta têm que ser proibidos, e, para isso, não pode o autor deixar abertas as portas e as janelas que permitem segui-los.

Claro que durante a escrita o autor poderá lembrar-se de mais alguns pormenores que queira colocar na solução, e isso é possível, desde que esses pormenores não "abram as portas e as janelas" acima referidas.

Pode um problema ter apenas um único pormenor incriminatório? Claro que pode. Obviamente que a pluralidade de fatores enriquecerá o problema, mas nada obriga a que tal suceda. Tem é que ser  possível seguir apenas um caminho.

O ideal será o autor escrever, arrumar o problema numa gaveta, ou num ficheiro de computador, e, quando já não se lembrar do que redigiu, voltar a ler. Perceberá então mais facilmente se existe mais do que um caminho para a solução, e se a solução que ele pretende, se pode obter do que está escrito. É importante verificar se aquilo que imaginou é mesmo o que está escrito, pois muitas vezes o autor lê e resolve o que está na sua cabeça e não o que está escrito. Claro que uma outra via, será o autor dar o problema a resolver a outra pessoa e ver quais as questões e sugestões que o solucionista-cobaia poderá apresentar-lhe.

Estes são processos que poderão levar a um a maior qualidade do material produzido, mas ... nem sempre é possível atuar desta forma e o autor terá que tentar fazer sempre o seu melhor.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

A página dos Enigmas nº 38

Vamos ao problema número dois do Torneio Rápido.


Torneio Rápido                                                               Problema nº 2

O Mistério da revista desaparecida

Autor: Paulo

Este caso passou-se com o Jorge. Não havia ninguém na universidade que não o conhecesse. O Jorge era um “passeador de livros”, ou melhor, passeava-se a si próprio, pois das poucas vezes que ia às aulas nem um bloco de apontamentos levava. Frequentava as aulas práticas, mas nas teóricas e teórico-práticas raramente era visto.

O Jorge morava na Residência Universitária na companhia de muitos outros estudantes e da sua enorme coleção de revistas, cuja temática não vem ao acaso, que ele conservava em estado impecável.

Como ninguém é perfeito, aconteceu que o Jorge se esqueceu de uma das suas famosas revistas na sala de convívio, e que, quando se lembrou da desgraça e regressou ao local para a recuperar, apenas encontrou por lá o sítio onde ela estivera pousada.

Cerrou as portas da Residência, juntou todos os que por lá estavam na sala e quis à força saber quem lhe desviara a sua preciosidade.

A Residência tinha dois andares com dois apartamentos de cada lado e a sala de convívio era no rés-do-chão, com uma porta que dava para o hall de entrada. Uma televisão, vários sofás, cadeiras e duas pequenas mesas constituíam o mobiliário. Uma enorme janela rasgava a parede quase completamente, deixando entrar o sol naquela tarde amena de março.

Na sala de convívio apenas ficara o João. Estivera com o Jorge até as três e meia, este saíra, e quando regressara ainda o amigo estava no sitio onde o deixara, sentado num sofá, um boné ao lado, com as pernas estendidas e os pés pousados numa cadeira onde o sol incidia. A revista ficara esquecida numa pequena mesa baixa que se encontrava atrás desse sofá.

O Jorge não descansou enquanto não obrigou toda a gente que estava no edifício a falar. Eram quatro e dez quando iniciou a sua investigação.

O Ricardo, com a sua gaguez indisfarçável disse:

- Eu, eu , estititive no memeu quarto a estutudardar mamatemática. Não estatavava lá mais nininguém. Jájá lá estou desdede as duuuuas horas. Teenho mmmais que que fazer que que andadar a ver as tu tuas revistas. Não me me me chateies!

O Severiano, o caloiro do grupo, não gaguejava, mas via-se que estava receoso.

- Eu cheguei ainda não há um quarto de hora, fui ao quarto pousar os livros e depois estive na cozinha a comer alguma coisa. Quando vinha a entrar cruzei-me com o Quim Alberto, que estava a sair, levava uma mochila e me disse que ia para a aula de Literatura.

Havia mais um residente dentro do edifício e que era o Roberto.

- E que tal se não me chateasses? Eu não sei onde estive, de onde vim, nem para onde vou. Quanto às tuas revistas estou-me nas tintas para elas. Já agora, que diferença te faz essa revista? É igual a todas as outras que lá tens.

Só lhe faltava ouvir o João.

- Quando saíste, o sol estava a bater-me nos olhos e pus o boné. Estava meio adormecido. Ainda me apercebi de um ligeiro ruído nas minhas costas e de alguém que de lá projetou uma sombra sobre mim, mas quando olhei para trás já não vi ninguém na sala. Depois ouvi a porta da rua a bater, mas não sei se entraram ou saíram.

O Jorge percebia que havia alguém que não lhe estava a dizer a verdade toda. Já sabia quem era e ia ter uma “conversazinha” particular com ele.

Quem é que estava a mentir e provavelmente teria “desviado” a revista.

A – O Ricardo, porque ninguém conseguiria estudar matemática tanto tempo.

B – O Severiano porque àquela hora não poderia haver aulas de Literatura.

C – O Roberto porque está a mentir de forma óbvia. 

D – O João porque as coisas não poderiam ter acontecido como ele conta.

A resposta, indicando apenas a letra com a opção correta, deverá ser enviada até ao final do dia 30 de setembro para apaginadosenigmas@gmail.com.

Oferecido pelo Clube de Detetives teremos o livro A última história de Ana Teresa Pereira.



sábado, 7 de setembro de 2024

A Página dos Enigmas nº 37


Vão ser, de seguida, apresentadas as soluções, a classificação e o premiado, do problema número 1 do Torneio Rápido.
No dia 10 deste mês, será publicado o segundo problema, mas, entretanto vamos aos resultados obtidos no primeiro.

O mistério da morte do traficante.
Solução:

Segundo a descrição concordante das duas testemunhas, o Melro tropeçou, agarrou-se ao corrimão e caiu agarrado à grade. Esta descrição pressupõe que terá caído sobre o gradeamento.

Acrescendo ainda o facto de o corpo estar caído de bruços, não restam dúvidas que o gradeamento deveria estar debaixo do Melro.

O facto de a armação de madeira estar sobre o corpo indica que foi lá colocada depois do corpo se encontrar já caído.

Ficam assim contrariadas as declarações das testemunhas.

Terão cometido o crime, tendo depois simulado a queda. Cometeram o erro de colocar a grade do corrimão por cima do corpo em vez de ser debaixo. 

A concordância de declarações pressupõe a cumplicidade. A hipótese correta será então a D: O Afonso e o Lopes agiram em cumplicidade para matar o Melro.


Resultados

Lista alfabética dos concorrentes

Tentei respeitar a escrita dos concorrentes nos "inspetores" e "detetives" em que uns escrevem com c antes do t e outros não.

7 pontos:

Abrótea; Arjacasa (TPBRO);  Búfalos Associados; Clóvis; Detective Jeremias; Detetive Verdinha; Edomar; Fotocópia; Inspector Pevides  (TPBRO); Inspector Ryckyi; Inspetor Boavida; Inspetor Moscardo; Inspetora Mag; Karl Marques; Mac Jr.: Mali  (TPBRO); Mandrake Mágico; Mister H;  Rainha Katya; Rodriguda; Vic Key; Virmancaroli.

4 pontos

Bernie Leceiro; Detetivesca; O Pegadas.


Lista numerada para sorteio





Concorrente premiado



Foi o Inspector Pevides. Irá receber o livro Tentações Perigosas de W. Strong-Ross

Parabéns.


domingo, 1 de setembro de 2024

A página dos Enigmas nº 36


Notícias

Torneio Rápido

Está a decorrer neste blogue, entre agosto e dezembro. É muito simples participar, bastando enviar a opção correta das quatro alíneas que são apresentadas em cada problema.

Neste torneio além da classificação geral, que será premiada, Clóvis oferece um troféu a sortear entre todos os participantes. Por sugestão do próprio Clóvis designar-se-á Troféu Presença,

Trata-.se de uma peça de artesanato regional, em estanho, produzido na Bodiosa, uma freguesia junto a Viseu. Mostra-se o troféu em fotografia, assim como outra informação relevante.




Produções

Até dia 30 de novembro, todos que quiserem podem enviar problemas policiários com vista à sua publicação no torneio que se irá realizar no próximo ano nos blogues Repórter de Ocasião, Local do Crime e A Página dos Enigmas. Cada blogue publicará 4 problemas desse torneio. A Página dos Enigmas aguarda as vossas produções.


Clube de Detectives

Continua a fazer a divulgação do policiário presente e passado. Além das ligações aos blogues ativos, e da recordação de secções e problemas publicados noutros tempos, vai divulgando o acervo  do Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa, que acumula o resultado das pesquisas efetuadas pelo confrade Jartur.

Neste momento entre secções do passado e do presente, incluindo as dedicadas ao charadismo, o Clube de Detectives apresenta referências aos seguintes espaços: A Página dos EnigmasRepórter de OcasiãoLocal do CrimeCharadas & CharadistasPalavras Cruzadas Clássicas e Charadas, Mistério e AventuraEnigma Policiário, Mistério PoliciárioO Detective - Zona A Team e Policiário.


O Inspector Fidalgo

Luís Pessoa continua a relembrar os convívios que ocorreram, principalmente, mas não só, desde os anos 70 do século passado, mostrando fotografias que recordam momentos e policiaristas. 

Também publica cópias de textos e outras imagens que remetem para convívios e secções policiárias do passado.

Quando estas palavras são publicadas, o último post deste blogue, O Inspector Fidalgo, é dedicado ao Convívio de Viseu do ano de 1976.


Local do Crime

Encontram-se em publicação os contos subordinados ao tema Um caso Policial no Natal.

Já foram publicados os onze primeiros contos, O contrato, de Fernando A. F. Aleixo, O Fantasma do Hotel Infante de Sagres, de Bernie Leceiro,  A minha noite de Natal, de Paulo, Prazeres de Natal, de O Gráfico, A prenda de Natal da Martinha, de Paulo, Amem-se uns aos outros, de Inspetor Moscardo, YHWH,  de L. Manuel F. Rodrigues, Chegaram os Pais Natais, de Abrótea, A morte do Pai Natal, de Paulo, Sonho de uma Noite de Natal, de Rui Mendes e Um crime na Noite de Natal de Paulo.

Até  5 de setembro os leitores ainda podem, e devem, enviar a sua votação, que poderá ser atribuída entre os 5 e os 10 pontos,  do conto Sonho de uma Noite de Natal, para salvadorsantos949@gmail.com.  


Repórter de Ocasião.

Foi publicado o problema nº 9 do  Torneio Cultores do Policiário, prova que pretende homenagear seis policiaristas que marcaram esta atividade lúdica: Big Ben, Daniel Falcão, Inspector Aranha, Inspetor Boavida, Jartur, LP (Inspector Fidalgo). 

O nono problema tem por título Õ Inspector Fidalgo Aposentado é da autoria  do Inspector Fidalgo e as soluções devem ser enviadas até ao próximo dia 30 de setembro para reporter.de.ocasiao@gmail.com.

Neste torneio, ainda sem se saberem as classificações do oitavo problema, saliente-se que, após as sete primeiras provas, segue em primeiro lugar a concorrente Cocas.

Também está a ser divulgado, no blogue Repórter de Ocasião, um conjunto de textos que o Inspector Aranha publicou originalmente no jornal Correio do Ribatejo. Este conjunto de artigos republica os problemas policiais da autoria de Reinaldo Ferreira (Repórter X) saídos em 1927 no jornal O Primeiro de Janeiro.

O último problema publicado foi  O colar das trezentas pérolas.