Torneio Rápido Problema nº 2
O Mistério da revista desaparecida
Autor: Paulo
Este caso passou-se com o Jorge. Não havia
ninguém na universidade que não o conhecesse. O Jorge era um “passeador de
livros”, ou melhor, passeava-se a si próprio, pois das poucas vezes que ia às
aulas nem um bloco de apontamentos levava. Frequentava as aulas práticas, mas
nas teóricas e teórico-práticas raramente era visto.
O Jorge morava na Residência Universitária
na companhia de muitos outros estudantes e da sua enorme coleção de revistas,
cuja temática não vem ao acaso, que ele conservava em estado impecável.
Como ninguém é perfeito, aconteceu que o
Jorge se esqueceu de uma das suas famosas revistas na sala de convívio, e que,
quando se lembrou da desgraça e regressou ao local para a recuperar, apenas
encontrou por lá o sítio onde ela estivera pousada.
Cerrou as portas da Residência, juntou
todos os que por lá estavam na sala e quis à força saber quem lhe desviara a
sua preciosidade.
A Residência tinha dois andares com dois
apartamentos de cada lado e a sala de convívio era no rés-do-chão, com uma
porta que dava para o hall de entrada. Uma televisão, vários sofás, cadeiras e
duas pequenas mesas constituíam o mobiliário. Uma enorme janela rasgava a
parede quase completamente, deixando entrar o sol naquela tarde amena de março.
Na sala de convívio apenas ficara o João.
Estivera com o Jorge até as três e meia, este saíra, e quando regressara ainda
o amigo estava no sitio onde o deixara, sentado num sofá, um boné ao lado, com
as pernas estendidas e os pés pousados numa cadeira onde o sol incidia. A
revista ficara esquecida numa pequena mesa baixa que se encontrava atrás desse
sofá.
O Jorge não descansou enquanto não obrigou
toda a gente que estava no edifício a falar. Eram quatro e dez quando iniciou a sua investigação.
O Ricardo, com a sua gaguez indisfarçável
disse:
- Eu, eu , estititive no memeu quarto a estutudardar mamatemática. Não estatavava lá mais nininguém. Jájá lá estou desdede as duuuuas horas. Teenho mmmais que que fazer que que andadar a ver as tu tuas revistas. Não me me me chateies!
O Severiano, o caloiro do grupo, não
gaguejava, mas via-se que estava receoso.
- Eu cheguei ainda não há um quarto de
hora, fui ao quarto pousar os livros e depois estive na cozinha a comer alguma
coisa. Quando vinha a entrar cruzei-me com o Quim Alberto, que estava a sair, levava uma
mochila e me disse que ia para a aula de Literatura.
Havia mais um residente dentro do edifício
e que era o Roberto.
- E que tal se não me chateasses? Eu não
sei onde estive, de onde vim, nem para onde vou. Quanto às tuas revistas
estou-me nas tintas para elas. Já agora, que diferença te faz essa revista? É
igual a todas as outras que lá tens.
Só lhe faltava ouvir o João.
- Quando saíste, o sol estava a bater-me
nos olhos e pus o boné. Estava meio adormecido. Ainda me apercebi de um ligeiro
ruído nas minhas costas e de alguém que de lá projetou uma sombra sobre mim, mas
quando olhei para trás já não vi ninguém na sala. Depois ouvi a porta da rua a
bater, mas não sei se entraram ou saíram.
O Jorge percebia que havia alguém que não lhe estava a dizer a verdade toda. Já sabia quem era e ia ter uma “conversazinha” particular com ele.
A – O Ricardo, porque ninguém conseguiria
estudar matemática tanto tempo.
B – O Severiano porque àquela hora não
poderia haver aulas de Literatura.
C – O Roberto porque está a mentir de forma óbvia.
D – O João porque as coisas não poderiam ter acontecido como ele conta.
A resposta, indicando apenas a letra com a opção correta, deverá ser enviada até ao final do dia 30 de setembro para apaginadosenigmas@gmail.com.
Oferecido pelo Clube de Detetives teremos o livro A última história de Ana Teresa Pereira.
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