Publica-se o 6º problema e último do Torneio Memória, A pasta desaparecida, e relembra-se que é possível reler o regulamento aqui.
Atenção, que este problema poderá ainda
mudar vários lugares na classificação geral.
A solução deste problema policiário deverá ser enviada para apaginadosenigmas@gmail.com até ao final do dia 30 de junho de 2024.
Torneio Memória
Problema nº 6
A pasta desaparecida.
Que belo dia de sol radioso!
Na salinha, pequenina, entra a
luz a jorros coada pelos grandes cortinados em seda.
— Como o tempo é parecido com as
pessoas!... — pensava Quim, um rapaz louro, que sentado a uma pequena
escrivaninha, folheava um livro policial... um livro da coleção XIS...
Ele tinha razão, para assim
pensar!
É que a noite que antecedera tão
belo dia havia sido infernal. De uma escuridão profunda, intensa, açoitada por
um vento forte, uivante, fazia desejar um sono reparador do esgotamento causado
pela árdua faina diária. Apenas se comparava, no negrume, àquelas noites em que
a falta de iluminação pública se faz sentir... depois de uma luz intensa.
Mas não, naquela noite os típicos candeeiros não se apagaram. Mas nem por isso a conseguiram destoar. Eles mais pareciam pequenas velas de cera.
… … … … … … … … … … …
… … … … … … … ….
Trrim... Trrim... Trrim...
Trrim... O telefone que toca, um braço que se estende, e eis que, como por
encanto, o auscultador baila-lhe na mão. Eram assim, largos, todos os
movimentos daquele maquiavélico rapaz...
Uns passos largos, ombros
direitos, e uns magros braços, dum comprimento extravagante...
Enfim, ele,
genuinamente português, mais
parecia um duplo de Bannister.
Está lá?... Ah! É da casa Borges
& Ferreira Ld.a. O que deseja?... Eu não me demoro. Chego já aí.
Levantando-se dum salto, quase a
correr, tira o «boné à Sherlock» do bengaleiro e põe os óculos de
automobilista.
Parte no seu carro em grande
velocidade.
… … … … … … … … … … …
— Inspector, como a pasta
desapareceu, é que não se sabe. Bem vê: são trezentos contos. Veja o que nos
pode suceder se ela não aparecer.
A ponte de onde o carro se
despenhou tinha cerca de cinco metros de altura. O rio levava muita água, mas
onde o carro se encontrava, havia pouca, não conseguindo a sua submersão. À
volta, porém, era bastante fundo.
O Inspector Quim mandou que
trouxessem à sua presença Norberto Silveira, o portador da pasta onde se transportavam
os trezentos contos, e que, naquele local havia desaparecido.
Era de mediana estatura, obeso.
Quase calvo, usava, a denunciar a sua miopia, óculos de grossas lentes com aros
de tartaruga.
— Conte-me como se deu o acidente
— ordenou Quim.
— Eu, juntamente com o meu colega
Aniceto, seguíamos no carro. Ele guiava e eu seguia a seu lado. Entre nós ia a
pasta com o dinheiro. O carro rodava velozmente quando, aqui na ponte, se
despistou; o meu colega e o carro despenharam-se, partindo o gradeamento
cimentado. Eu não sei como isto foi. Dei um salto, senti-me voar e depois rolar
no solo. Salvei-me da morte, pois que o meu colega morreu. Se o carro não fosse
descapotável teria morrido também. A pasta ficou no carro, pois na posição em
que ele está eu via-a perfeitamente.
— Então, porque é que, sabendo o
senhor que só depois de três horas de caminho, poderia encontrar auxílio, não se
atirou à água? — atalhou Quim.
— Porque não sei nadar.
— Bem. É uma razão. Tem algo mais
a contar?
— Apenas que cheguei ao nascer do
sol junto dos meus patrões, a quem contei o mesmo que ao senhor.
… … … … … … … … … … …
…
Examinou-se, depois, o cadáver de
Aniceto. Ocasionara--lhe a morte, uma pancada no temporal direito.
1) Como procedeu o Inspector Quim?
2) Porquê? (Exponha o seu
raciocínio).
apaginadosenigmas@gmail.com é o endereço para o qual deve ser enviada a solução deste problema policiário.
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