sexta-feira, 25 de outubro de 2024

A Página dos Enigmas n.º43


O texto que se segue narra o final da secção Em Fim de Livro, uma das mais interessantes que existiam na época em que foi publicada.  Este é mais um contributo para o conhecimento do policiarismo em Portugal.


Em Fim de Livro - um final atribulado

É difícil, na atualidade, definir datas exatas para existência desta secção, uma vez que os livros onde era publicada não trazem sempre essas indicações que permitem fazer uma datação correta.

A secção começou a ser publicada no número 28 da Coleção Xis, editada  pela Editorial Minerva, dedicada à literatura policiária, e terminou no número 53. Não sendo possível estabelecer a data precisa em que os livros foram publicados, ficam aqui indicados os anos de início e fim: 1953 e 1956. A periodicidade era aproximadamente mensal.

A secção dirigida por Sete de Espadas, ocupava as últimas páginas de cada volume, por vezes num número significativo.

Ao contrário de outras secções, publicadas em revistas de banda desenhada, que se dirigiam a um público mais juvenil, ou em jornais, que abarcavam todo o tipo de público, esta secção era lida por quem comprava os livros, ou seja, era uma secção policiária que se dirigia apenas a quem gostava da literatura deste género.

Nesta secção germinou a ideia do Clube XYZ, formado por policiaristas que pagariam uma quota de 20$00 (atualmente, aproximadamente 10 cêntimos). O clube editaria uma revista, da qual saíram alguns números, designado Boletim XYZ, que seria distribuído a todos os associados, cujo primeiro número terá saído em dezembro de 1954. O boletim tinha 16 páginas e no primeiro número colaboraram Lima Barreto, C.A.F., Cruz Barreto, Mandrake, Belisário Praxedes, Joaquim Durão e Sete de Espadas.

O caso aqui referido neste texto surgiu no número 51 da Coleção Xis, datado de 1955. Com os estatutos do Clube XYZ em fase de aprovação, Sete de Espadas publicou na secção Em Fim de Livro uma lista de policiaristas, pelo seu nome, e não pelo pseudónimo, que teriam preenchido a ficha de inscrição, ou pagado as primeiras quotas, deixando depois de enviar dinheiro.

Houve um dos nomeados que não considerou correta a divulgação do seu nome e escreveu para a Editorial Minerva reclamando do surgimento da sua identificação no livro. Nesse mesmo número, em que foi publicada a reclamação, o 53, a Comissão Organizadora do XYZ- Clube de Literatura Policiária deu a resposta, informando que a editorial Minerva nada tinha que ver com a revista e o clube, pedindo desculpas à editora, mas não dando indicação de que a secção terminaria.

De nada valeu a resposta, porque duas páginas à frente, o editor fazia um comunicado suspendendo a secção, suspensão essa que a história mostra que foi definitiva.

Assim morreu uma das melhores secções do policiarismo português.


quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Página dos Enigmas nº 42

 


        O mistério da rua escura


A rua ficava numa zona degradada e quase desabitada. Os candeeiros todos partidos escureciam ainda mais a noite sem luar. 

Os dois polícias da ronda tinham acompanhado o queixoso ao local onde ele dissera que fora o roubo. Mais tarde, apresentaria a queixa oficialmente na esquadra.

Pelo caminho ele tinha apontado um culpado; um outro individuo que com eles se cruzara. 

Os quatro estavam na rua estreita e sinuosa.

- Foi este o ladrão. Levou-me tudo; dinheiro, telemóvel e documentos.

Eu estava mais ou menos aqui, quando de repente senti uma arma nas costas e uma voz a dizer que não voltasse a cabeça. Mandou deitar-me no chão, com a cabeça para baixo, sem nunca me deixar olhar para trás. Tirou-me tudo. Depois mandou-me contar até 100. Só depois, poderia levantar-me, senão dava-me um tiro. Eu obedeci. Não sabia se ele estava perto. Quando me levantei já ele tinha desaparecido.

Os polícias tiveram que segurar o acusado, que pretendia agredir o declarante.

- Ele está maluco. Conheço-o de vista e pouco mais. Eu vinha de um bar quando passei por vocês e ele me apontou. Tenho a impressão de que ainda não há muito tempo ele também lá estava.

Reiniciaram o movimento na rua, onde mal se distinguiam as janelas e as portas, algumas delas abertas, dando acesso a prédios desocupados e em ruínas.

- Foi aqui. Se ele não tivesse a arma, eu dava cabo dele.

Perante a dúvida dos polícias, questionando se o outro era mesmo o agressor, ele continuou.

- Não tenho dúvidas! É a mesma cara, o mesmo casaco verde-escuro e as mesmas calças castanhas. A arma deve estar perto, se é que ele ainda não a tem. Não teve tempo de ir longe, mas em algum local escondeu o que me roubou. Se calhar passou tudo a um cúmplice.

Iniciaram o movimento no sentido da saída da rua escura, cujo nome se adequava às características da artéria.

Quando saíram da rua, os polícias conseguiram observar os rostos do queixoso e do acusado. Aparentavam ter idades próximas, entre os vinte e os trinta anos. Cabelos curtos, sem brincos nas orelhas nem outros adereços metálicos visíveis.

Mas uma ideia estava a formar-se dentro da mente de cada um dos agentes da autoridade.

Neste momento interrompe-se a narração. Das quatro hipóteses que se seguem, devem os leitores optar pela que parece descrever melhor o que pode ter sucedido.

A – O acusado cometeu o assalto e escondeu a arma e o produto do roubo.

B – O acusador está a mentir pois os factos dificilmente se passariam como ele descreve.

C – O acusado cometeu o roubo ajudado por um cúmplice.

D – O acusador foi assaltado mas o assaltante escondeu-se num dos prédios da rua.


Oferecido pelo Clube de Detetives teremos o livro O Vespeiro de Patricia Cornwell.


segunda-feira, 7 de outubro de 2024

A Página dos Enigmas nº 41

 


Vão ser, de seguida, apresentadas as soluções, a classificação e o premiado do problema número 2 do Torneio Rápido.

No dia 10 deste mês, será publicado o terceiro problema, mas, entretanto, vamos aos resultados obtidos no segundo.

 

O mistério da revista roubada.

Solução:

A resposta correta é a hipótese D. 

Foi o João. Se o sol estava a bater-lhe nos olhos, quem estivesse atrás dele não poderia projetar sombra sobre ele.

Deste modo, não existiu ninguém a fazer os movimentos que  descreve. Está a mentir e terá sido ele, muito provavelmente, a “desviar” a revista.


Resultados

 Lista alfabética dos concorrentes

Tentei respeitar a escrita dos concorrentes nos "inspetores" e "detetives" em que uns escrevem com c antes do t e outros não.

7 pontos:

Arjacasa (TPBRO); Bernie Leceiro; Búfalos Associados; Clóvis; Detective Jeremias; Detective Verdinha: Detetivesca; Edomar; Fotocópia; Inspector Pevides (TPBRO); Inspector Ryckyi; Inspectora Mag; Inspetor Boavida; Inspetor Moscardo; Karl Marques; Mac Jr.; Mali (TPBRO); Mandrake Mágico; Mister H; O Pegadas; Rainha Kátia; Rodriguda; Vic Key; Virmancaroli.


 4 pontos:

Abrótea


Classificação Geral (por ordem alfabética)

14 pontos

Arjacasa (TPBRO); Búfalos Associados; Clovis; Detective Jeremias; Detetive Verdinha; Edomar; Fotocópia; Inspector Pevides  (TPBRO);  Inspector Ryckyi; Inspetor Boavida: Inspetor Moscardo; Inspetora Mag; Karl Marques; Mac Jr.; Mali  (TPBRO); Mandrake Mágico; Mister H; Rainha Katya; Rodriguda; Vic Key; Virmancaroli.


11 pontos

Abrótea; Bernie Leceiro; Detetivesca; O Pegadas


Lista numerada para sorteio



Concorrente premiado




O contemplado foi Vic Key. Irá receber o livro A Última História de Ana Teresa Pereira. Parabéns.

 


terça-feira, 1 de outubro de 2024

A Página dos Enigmas nº 40


 Notícias

Torneio Rápido

Está a decorrer neste blogue, entre agosto e dezembro. É muito simples participar, bastando enviar a opção correta das quatro alíneas que são apresentadas em cada problema.

Depois de no mês passado ser feita a referência ao prémio atribuído por Clóvis, publicam-se agora as fotografias dos prémios que serão atribuídos aos 1º, 2º e 3º classificados. 

Que todos mandem a solução, pois além dos prémios anunciados hoje, haverá o troféu oferecido por Clóvis, os diplomas de participação aos 5 primeiros, um livro oferecido pelo Clube de Detetives, a sortear entre todos os que responderem à totalidade dos problemas, e um livro a sortear em cada problema entre os que responderem, oferta do Clube de Detetives nos problemas 2, 3, 4 e 5.

 




 



Produções

Continua a de correr, até dia 30 de novembro, o prazo para envio de problemas policiários com vista à sua publicação no torneio que se irá realizar no próximo ano nos blogues Repórter de Ocasião, Local do Crime e A Página dos Enigmas. Cada blogue publicará 4 problemas desse torneio. A Página dos Enigmaaguarda as vossas produções. Vamos lá, a construir um problema.

 

Repórter de Ocasião.

Foi publicado o problema nº 10 do  Torneio Cultores do Policiário, prova que pretende homenagear seis policiaristas que marcaram esta atividade lúdica: Big Ben, Daniel Falcão, Inspector Aranha, Inspetor Boavida, Jartur, LP (Inspector Fidalgo). 

O décimo problema tem por título Um, Dois, Três... Enigmas é da autoria  de Daniel Falcão  e as soluções devem ser enviadas até ao próximo dia 31 de outubro para reporter.de.ocasiao@gmail.com.

Neste torneio, ainda sem se saberem as classificações do nono problema, saliente-se que, após as oito primeiras provas, segue em primeiro lugar a concorrente Cocas, uma policiarista que se iniciou agora nas andanças do policiário.

Também está a ser divulgado, no blogue Repórter de Ocasião, um conjunto de textos que o Inspector Aranha publicou originalmente no jornal Correio do Ribatejo. Este conjunto de artigos republica os problemas policiais da autoria de Reinaldo Ferreira (Repórter X) saídos em 1927 no jornal O Primeiro de Janeiro.

O último problema publicado foi  Tinta Vermelha.

Clube de Detectives

Continua a fazer a divulgação do policiário presente e passado. Além das ligações aos blogues ativos, e da recordação de secções e problemas publicados noutros tempos, vai divulgando o acervo  do Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa, que acumula o resultado das pesquisas efetuadas pelo confrade Jartur.

Neste momento entre secções do passado e do presente, incluindo as dedicadas ao charadismo, o Clube de Detectives apresenta referências aos seguintes espaços: A Página dos EnigmasRepórter de OcasiãoLocal do CrimeCharadas & CharadistasPalavras Cruzadas Clássicas e CharadasMistério e AventuraEnigma PoliciárioMistério PoliciárioO Detective - Zona A Team e Policiário.

 

O Inspector Fidalgo

Luís Pessoa continua a relembrar os convívios que ocorreram, principalmente, mas não só, desde os anos 70 do século passado, mostrando fotografias que recordam momentos e policiaristas. 

Também publica cópias de textos e outras imagens que remetem para convívios e secções policiárias do passado.

Quando estas palavras são publicadas, o último post deste blogue, O Inspector Fidalgo, é dedicado ao Convívio da Linha se Sintra de 1998.

 

Local do Crime

Encontram-se em publicação os contos subordinados ao tema Um caso Policial no Natal.

Já foram publicados os doze primeiros contos, O contrato, de Fernando A. F. Aleixo, O Fantasma do Hotel Infante de Sagres, de Bernie Leceiro,  A minha noite de Natal, de Paulo, Prazeres de Natal, de O Gráfico, A prenda de Natal da Martinha, de Paulo, Amem-se uns aos outros, de Inspetor Moscardo, YHWH,  de L. Manuel F. Rodrigues, Chegaram os Pais Natais, de Abrótea, A morte do Pai Natal, de Paulo, Sonho de uma Noite de Natal, de Rui Mendes,  Um crime na Noite de Natal de Paulo e Um Natal dos Diabos, de O Gráfico.

Até  20 de outubro os leitores ainda podem, e devem, enviar a sua votação, que poderá ser atribuída entre os 5 e os 10 pontos,  do conto Um Natal dos Diabos, para salvadorsantos949@gmail.com.