O mistério da rua escura A rua ficava numa zona degradada e quase desabitada. Os candeeiros todos partidos escureciam ainda mais a noite sem luar. Os dois
polícias da ronda tinham acompanhado o queixoso ao local onde ele dissera que
fora o roubo. Mais tarde, apresentaria a queixa oficialmente na esquadra. Pelo caminho ele tinha apontado um culpado; um outro individuo que com eles se cruzara. Os quatro estavam na rua estreita e sinuosa. - Foi este o ladrão. Levou-me tudo; dinheiro, telemóvel e documentos. Eu estava mais ou menos aqui, quando de repente senti uma arma nas costas e uma voz a dizer que não voltasse a cabeça. Mandou deitar-me no chão, com a cabeça para baixo, sem nunca me deixar olhar para trás. Tirou-me tudo. Depois mandou-me contar até 100. Só depois, poderia levantar-me, senão dava-me um tiro. Eu obedeci. Não sabia se ele estava perto. Quando me levantei já ele tinha desaparecido. Os polícias tiveram que segurar o acusado, que pretendia agredir o declarante. - Ele está maluco. Conheço-o de vista e pouco mais. Eu vinha de um bar quando passei por vocês e ele me apontou. Tenho a impressão de que ainda não há muito tempo ele também lá estava. Reiniciaram o movimento na rua, onde mal se distinguiam as janelas e as portas, algumas delas abertas, dando acesso a prédios desocupados e em ruínas. - Foi aqui. Se ele não tivesse a arma, eu dava cabo dele. Perante a dúvida dos polícias, questionando se o outro era mesmo o agressor, ele continuou. - Não tenho dúvidas! É a mesma cara, o mesmo casaco verde-escuro e as mesmas calças castanhas. A arma deve estar perto, se é que ele ainda não a tem. Não teve tempo de ir longe, mas em algum local escondeu o que me roubou. Se calhar passou tudo a um cúmplice. Iniciaram o movimento no sentido da saída da rua escura, cujo nome se adequava às características da artéria. Quando saíram da rua, os polícias conseguiram observar os rostos do queixoso e do acusado. Aparentavam ter idades próximas, entre os vinte e os trinta anos. Cabelos curtos, sem brincos nas orelhas nem outros adereços metálicos visíveis. Mas uma ideia estava a formar-se dentro da mente de cada um dos agentes da autoridade. Neste momento interrompe-se a narração. Das quatro hipóteses que se seguem, devem os leitores optar pela que parece descrever melhor o que pode ter sucedido. A – O acusado cometeu o assalto e escondeu a arma e o produto do roubo. B – O acusador está a mentir pois os factos dificilmente se passariam como ele descreve. C – O acusado cometeu o roubo ajudado por um cúmplice. D – O acusador foi assaltado mas o assaltante escondeu-se num dos prédios da rua. Oferecido pelo Clube de Detetives teremos o livro O Vespeiro de Patricia Cornwell. |
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