A Inteligência Artificial e o Policiário
Como tanto se fala da Inteligência Artificial (IA). quis
fazer um teste à sua capacidade de resolver problemas policiários.
Em primeiro lugar testei-a, usando o ChatGPT, no Torneio Cultores do Policiário.
Porquê este torneio?
Porque O Gráfico publicou os critérios de classificação e
desse modo foi mais fácil fazer a atribuição da pontuação. Poderá haver
alguma diferença entre o que eu atribuí e a pontuação atribuída por O Gráfico,
mas, considerando os elementos que ele forneceu, esta diferença será mínima.
Eis a pontuação atribuída à resolução feita pela IA dos diferentes problemas.
Problema nº 1 - 6 pontos
Problema nº 2 - 7,5 pontos
Problema nº 3 - 6 pontos
Problema nº 4 - 6 pontos
Problema nº 5 - 7,5 pontos
Problema nº 6 - 9 pontos
Problema nº 7 - 9,5 pontos
Problema nº 8 - 6,5 pontos
Problema nº 9 - 6 pontos
Problema nº 10 - 6 pontos
No total a AI obteria 70 pontos ficando em 40º lugar num total de
56 concorrentes, alguns dos quais não responderam à totalidade dos problemas
publicados.
Note-se que a Inteligência Artificial não conseguiria ser totalista em nenhum dos problemas, obtendo 6 pontos em metade dos problemas.
Refiro o caso que se passou comigo na resolução do problema nº 10. Antes de chegar à solução correta, andei em busca de quem eram os fundadores da Tertúlia Policiária do Norte, que acabei por descobrir no jornal Público. Mas o ChatGPT começou por me dizer que eram o Fernando Pessoa e o Zé Lopes. Depois de ter eliminado o Fernando Pessoa e informado disso o ChatGPT, fiquei curioso sobre quem seria o Zé Lopes, e eis que o oráculo me informou que Zé Lopes era o verdadeiro nome de Zé dos Anzóis. Ou seja, há sempre resposta, só que esta pode não ser a correta.
Depois, resolvi ainda usar os problemas do Torneio Rápido, em que o concorrente apenas teria que indicar a solução. À IA também foram colocadas as mesmas 4 hipóteses que tinham sido postas ao solucionista em cada um dos problemas.
Estas foram as pontuações obtidas.
Problema nº 1 - 4 pontos
Problema nº 2 - 7 pontos
Problema nº 3 - 7 pontos
Problema nº 4 - 4 pontos
Problema nº 5 - 7 pontos
É óbvio que o desempenho do ChatGPT foi melhor no Torneio
Rápido. Não se deve esquecer que neste torneio apenas teria que ser indicada uma
letra corretamente. Acertou 3 em 5, ou seja, 60%.
Parece claro que nesta situação, de escolher uma entre quatro hipóteses previamente apresentadas, a AI consegue uma melhor
classificação do que no torneio anteriormente referido.
Sempre que tem que interpretar o texto, e analisar as
diferentes pistas, a AI não o consegue fazer de modo muito correto. Essa situação ainda foi pior nos
casos em que havia uma mensagem implícita no texto, ou em imagens. No último
problema de Cultores do Policiário a AI foi completamente incapaz de decifrar a
mensagem.
Apesar das diferentes áreas em que a AI tem utilidade, o
policiarismo não parece ser uma delas, sendo preponderante a análise humana.
Recentemente, li uma entrevista, em que uma especialista referia que o nome para este processo foi muito mal escolhido. Concordo em absoluto. O termo inteligência, além de infeliz, não se adequa ao processo de recolha de informação, porque é isso que a AI faz. Se a informação não existir, ela não conseguirá efetuar raciocínios autónomos, ao contrário da inteligência humana.
Gostaria de ver uma rutura epistemológica feita pela IA.
Não se aconselha, deste modo, os policiaristas a usarem acriticamente a AI para chegarem à solução dos problemas policiários.
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