Por motivos de saúde do coordenador do blogue Momento Policiário, este problema não será aí publicado, como definido previamente, por indisponibilidade do confrade Virmancaroli durante algumas semanas.
Desse modo, as soluções deste problema deverão ser enviadas para o endereço deste blogue, A Página dos Enigmas, ou para as alternativas indicadas no final deste post.
A estreia do Inspector Faria, é o problema nº 8 do Torneio do Cinquentenário de Mistério Policiário. O problema é da autoria de Faria.
Não sendo um problema inédito, que já foi publicado há cerca de 50 anos, a sua solução nunca foi conhecida.
Prova º 8
A estreia do Inspector Faria
Autor: Faria
Era meia-noite,
encontrava-me a arrumar uns livros, para me ir deitar, quando soa o malfadado
telefone, sempre inoportuno.
Levanto o
auscultador, e ouço uma voz muito aflita:
— Venha
depressa, inspector, acabo de deparar com o meu tio morto.
Tomo nota da
morada da vítima, pensando ao mesmo tempo:
«Que chatice,
logo à esta hora da noite é que se lembram dos assassínios». Saio imediatamente
de casa, pego no automóvel (que por sinal ainda não está pago...) e abalo na
direcção da morada indicada. A noite estava muito ventosa, o que me forçou a
levar os vidros do carro todos fechados.
Passados dez
minutos, estava na morada, uma sumptuosa mansão pertencente ao milionário sr.
Lucas Pancrácio.
Saio do
automóvel, toco à campainha, e sou recebido pelo indivíduo do telefonema, sr.
A. Pastor, sobrinho da vítima.
Fui de imediato
conduzido ao compartimento onde a vítima foi encontrada, localizado no
rés-do-chão direito.
Depois de me
certificar pelo A. Pastor que nada no compartimento tinha sido mexido, entro no
mesmo. Trata-se de uma sala pequena, que além da porta de entrada, apenas tem
uma janela grande ao fundo, na direcção da porta.
Ao centro da
sala, estava localizada a secretária, e sentado à mesma, com a cabeça tombada
sobre o tampo, encontrava-se o milionário.
Junto do corpo,
pude notar que a vítima tinha sido estrangulada, certamente com uma linha fina,
mas resistente, pois era visível à volta do pescoço, um grande traço fino e
profundo.
Dando uma volta
pela sala, na busca de indícios, pude notar que a mesma estava cheia de painéis
à volta, e é então que reparo que por detrás de um deles, ligeiramente afastado
para o lado, se encontrava um cofre de parede, aberto, o que me fez antever que
o móbil do crime tinha sido o dinheiro...
A janela estava
toda escancarada... Aproximo-me dela, a ver se notava alguma coisa, ao mesmo
tempo que dizia para comigo:
«Certamente
terá sido por ali que o assassino escapou, depois de cometer o assassínio e
sacar a massa...»
Olho através
dela, mas com a escuridão da noite, nada se via.
Viro-me
novamente para a sala, e dali pude observar mais uma vez a triste figura que a
vítima apresentava, olhos arregalados, o que aliado ao vento que entrava na
sala e lhe batia em cheio na cara, pondo-lhe os cabelos em alvoroço, o tornavam
horroroso.
Feitas estas
observações, viro-me para o A. Pastor e pergunto-lhe:
— Tem alguma
ideia de quem tenha sido o assassino?
— Não,
francamente, não tenho, inspector. — replicou A. Pastor.
— Além de você,
quem mais está em casa? — continuo a
perguntar.
— Estão o meu
primo Carneiro e a minha prima Lucília, que chegaram
hoje, por volta
das 20 horas, para passarem aqui as férias.
— Chame-os,
preciso de proceder a um interrogatório.
O primeiro a
ser interrogado foi Lucília, que disse:
— Estive a ver
televisão até 23 horas, mas como o programa estava a ser ruim, recolhi ao meu
quarto, deitando-me a ler uma obra muito interessante, intitulada «O
Estrangulador de Boston», que aliás já tinha visto em cinema. Cerca das 23
horas e 30 minutos fechei a luz e adormeci profundamente. Não dei por nada.
O segundo a ser
interrogado foi Carneiro, que disse:
— Estive também
a ver televisão, mas recolhi mais cedo ao meu quarto, cerca das 22 horas e 30
minutos, pois tinha de preparar o meu estojo de pesca, os carretos e as linhas,
visto tencionar, logo de madrugada, ir praticar o meu desporto favorito.
Adormeci por volta das 23 horas e 15 minutos. Não dei por nada.
A propósito,
pergunto:
— Em que parte
da casa dorme?
— Durmo no
rés-do-chão esquerdo — replicou Carneiro.— Porquê, inspector?
— Por nada. Não
tem importância — respondi.
Foi a vez de A.
Pastor, que disse:
— Eram 21 horas
exactas quando saí de casa, peguei no automóvel e fui ao cinema.
— Tem graça —
replico eu —, veja só o meu descuido, sou um amante fervoroso de cinema, moro
junto ao edifício do cinema, mas atrasei-me de tal maneira que quando dei por
mim, já o filme tinha começado.
Acabei por
perder um filme que tinha bastante empenho em ver. Mas deixemos o palavreado,
continuemos com o interrogatório.
— Pois como ia
dizendo, inspector, fui ao cinema. Eram 23 horas e 30 minutos, precisas, quando
o mesmo acabou. Vim logo para casa, onde cheguei à meia-noite exacta. Como
sempre faço nas noites em que saio, dirigi-me ao compartimento onde o meu tio
costumava estar sempre a trabalhar até altas horas da noite, para lhe perguntar
se queria algo de mim, muitas vezes era forçado a estar com ele até quase de
madrugada...
Abri a porta da
sala, e deparei com o meu tio com a cabeça caída sobre o tampo da secretária, a
cara com os olhos todos arregalados, e, pensei logo que ali havia algo que não
estava bem... Entrei na sala, aproximei-me do meu tio, e deparei que o mesmo
tinha sido assassinado. Telefonei imediatamente para si, inspector, e o resto
já o senhor sabe.
—É deveras um
caso intrincado — disse eu. — A propósito, costuma estar mais alguém em casa? —
pergunto.
— Costuma estar
também o mordomo — respondeu A. Pastor, mas hoje é o seu dia de folga, pelo que
não esteve em casa durante todo o dia.
Quer que o
mande chamar, inspector?
— Não vale a
pena, já sei quem foi o assassino...
— Quem foi o
assassino? (2 pontos)
— Porquê?
Explique convenientemente. (8 pontos)
As respostas devem ser enviadas impreterivelmente até às
24h00 do dia 31 de agosto de 2025, através dos seguintes exemplos:
a - Por email, correio eletrónico, de A Página dos Enigmas:
apaginadosenigmas@gmail.com;
b - Entregando em mão ao orientador do Blogue A Página
dos Enigmas, onde quer que o encontrem;
c - Utilizando o Correio Normal (CTT):
Luís Manuel Felizardo Rodrigues
Praceta Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA.
Nota:
Além dos prémios em disputa ao longo do torneio, serão
sorteados em cada problema os seguintes prémios:
- 1 Livro de
Problemas Policiários e Soluções de M. CONSTANTINO, oferta de Salvador
Santos, juntamente com um Bloco de Apontamentos da Tipografia Lobão, oferta de
José Silvério, para sortear entre os concorrentes totalistas.
- 1 Conjunto de 12
Postais Ilustrados de Montemor-o-Novo, oferta de Francisco Salgueiro, para
sortear entre todos os concorrentes não totalistas.