domingo, 10 de dezembro de 2023

A Página dos Enigmas nº 3


Atenção, errata:

No problema, no 3º parágrafo, a pessoa que fez o telefonema foi  Carlos Ferreira, como já está corrigido no texto. Não existe qualquer Guilherme Gonçalves, como estava escrito antes. Esta é uma vantagem  do online.

(Obrigado ao Clóvis por me ter chamado a atenção para este pormenor.)


Nesta edição de A Página dos Enigmas teremos mais um problema policiário: O mistério da casa de penhores.

Simples, como se pretende neste espaço, embora um pouco mais difícil do que o primeiro, publicado em novembro.

Quem quiser pode escolher no topo desta página, o botão Enigmas Policiários, e depois ter acesso à  publicação pretendida.

No próximo mês, ocorrerá o início de um torneio policiário, o Torneio Memória, de que brevemente, (mais ou menos dentro de duas semanas) publicaremos o regulamento.

Apresentemos então o enigma policiário de hoje.


O mistério da casa de penhores

Autor: Paulo

Em tempos, abundaram pelas cidades deste país. Atualmente, escondidas sobre o eufemismo de “Prestamista” e “Empréstimos Rápidos”, continuam a existir “Casas de Penhores”, alimentadas pela crise económica e pela necessidade de se conseguir dinheiro rápido. Leva-se uma peça de ouro, prata, ou qualquer outra joia ou objeto valioso, recebendo-se em troca um valor monetário, regra geral muito abaixo da valia do objeto entregue, sempre na esperança, muitas vezes vã, de mais tarde o resgatar.

A “J.P. Prestamista”, sedeada em Lisboa, tinha nos últimos anos visto aumentar o seu volume de negócios. O proprietário, que durante alguns anos trabalhara apenas com um funcionário, tinha sentido a necessidade de arranjar mais dois: contratos de seis meses renováveis (mais um sinal da crise).

Quando Alberto Pereira, filho do fundador J.P., chegou naquela manhã ao estabelecimento, após chamada telefónica de Carlos Ferreira, já a polícia lá se encontrava.

Tinha ocorrido um assalto. 

A porta do estabelecimento fora aberta por Luís Gomes, que entrava às oito e meia preparando a abertura ao público, que ocorria às nove horas.

Segundo contava, quando se preparava para entrar, aproximaram-se  dele, rapidamente, dois indivíduos que, apontando-lhe uma arma, se tinham introduzido  com ele no estabelecimento, fechando a porta da rua.

Amarraram-no com as mãos atrás das costas, ataram-lhe os pés, amordaçaram-no, deixando-o quase sufocado, e colocaram-no numa arrecadação que ficava ao fundo do corredor. Antes, tinham-no obrigado a desligar todos os alarmes e as câmaras de vigilância, assim como a dizer onde se guardavam os registos das mesmas. Também o tinham obrigado a abrir as portas dos compartimentos onde eram guardados os objetos penhorados. Depois, ficara encerrado no cubículo, ouvindo mexer em gavetas e vitrinas, até que se fizera silêncio. Quando mais tarde se apercebeu de novo ruído, pensou que seria o seu colega que chegara. Chamou-o e depois foi libertado. Tinham então telefonado ao patrão e, por ordem deste, à polícia.

Na zona de atendimento público havia uma porta, mantida sempre fechada por uma mola. Dava para o interior, onde existia um  corredor com duas portas nas paredes laterais, uma para cada um dos lados, abertas, que permitiam o acesso a compartimentos pequenos, onde se acumulavam os objetos penhorados: uns em cofres, que não tinham sido arrombados, e outros em gavetas, de móveis altos e estreitos, que tinham sido totalmente esvaziadas. O segredo dos cofres apenas era conhecido por Alberto Pereira. 

Ao fundo do corredor, ficava a arrecadação onde se guardava, essencialmente, material de limpeza. Havia também um escadote, e existiam algumas lâmpadas para substituição das que ficassem inutilizadas. Viam-se as cordas usadas para amarrar Luís, assim como o pano da mordaça. Quer a mordaça, quer as cordas, tinham evidentes vestígios de terem sido alvos de um objeto cortante.

Segundo Alberto Pereira, não tinham sido roubadas joias de grande valor ou as grandes peças de ouro, que se encontravam nos cofres, não se podendo dizer o mesmo de algumas das de prata, ou outro tipo de objetos menos valiosos que estavam nas gavetas e vitrinas.

As câmaras de filmar tinham sido completamente destruídas, assim como todos os seus registos, não sendo possível confirmar a que hora os ladrões tinham abandonado o estabelecimento.

Carlos Ferreira, o funcionário que entrava às nove horas, afirmara ter achado estranho não ver o colega na loja quando entrou, mas às vezes acontecia. Abrira a porta que dava para o corredor, espreitara pelas portas, que estranhamente se encontravam escancaradas, e vira as gavetas abertas, do chão até ao teto. Imaginou logo que houvera um assalto. Voltara à zona de atendimento, para telefonar ao patrão, quando ouvira o colega a chamá-lo da arrecadação. Acorrera, tentara cortar as cordas, mas não conseguira.

Ainda tivera que voltar à zona de atendimento em busca de uma tesoura que lhe permitisse cortar as cordas e a mordaça, que estavam com os nós muito apertados Só depois tinha telefonado.

Havia um outro funcionário, mais antigo, Guilherme Lopes, que apenas trabalharia a partir da uma hora da tarde (o estabelecimento não encerrava à hora do almoço) e que ainda se encontrava em casa.

Quando chegou, chamado pelo patrão, ficou mudo, sem palavras, sentindo-se mal. A família confirmara que ele não saíra de casa até ser chamado por Alberto Pereira.

Ainda nesse dia, os responsáveis pelo assalto foram detidos, presentes a um juiz, tendo ficado a aguardar julgamento em prisão preventiva.

Pede-se que os leitores expliquem quais foram as pistas que permitiram à polícia resolver o caso tão rapidamente.

As respostas poderão ser classificadas com um máximo de 10 pontos, sendo apresentado, quando da publicação dos resultados, o respetivo critério classificativo.

Entre os totalistas será sorteado o livro O Enigma das Joias, do autor Stephen Clayton, e que foi publicado em 2002 com o número 4 da coleção "Os policiais do Correio da Manhã".

A solução deverá ser enviada até final do dia 31 de dezembro de 2023 para apaginadosenigmas@gmail.com


1 comentário:

  1. Caro Paulo, por estas e outras é que o nosso sistema prisional está entre os piores da Europa! A prisão preventiva é exagerada porque será um roubo ocasional, sem violência, sem risco de continuação de actividade criminosa nem de fuga... Nenhum dos pressupostos para a preventiva estará presente! Este problema já tem que se lhe diga, lembrando sempre que não basta indicar uma só prova, mesmo que fosse suficiente, mas todas! Um abraço.

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