Obra – Uma aventura inquietante
Para alguns constituirá uma surpresa
o surgimento deste nome. Um dos principais escritores portugueses do século XX, que não é conhecido por ser um escritor de romances policiais. Mas, é verdade,
José Rodrigues Miguéis escreveu um, e, sem dúvida, dos mais bem escritos e
concebidos por autores portugueses. O seu título é “Uma aventura inquietante”.
Foi publicado no semanário “O Diabo” entre 16 de Setembro de 1934 e 12 de Julho de 1936. Desde que se iniciou o folhetim, até 23 de Junho de 1935, a publicação foi regular. Nessa data, devido à partida do escritor para a o continente americano, o romance ficou inacabado, só sendo recomeçado em 7 de Junho de 1936, devido aos insistentes pedidos dos leitores, que queriam saber como terminaria a história.
Só nessa altura se sabe quem é o
autor do romance. José Rodrigues Miguéis iniciara a publicação da obra sob o
pseudónimo de Ch. Vander Bosch, autor belga, aparecendo o seu nome apenas como
tradutor da obra.
Em 1958 a obra surgiria em livro,
tendo-lhe o autor introduzido um texto no início, “À laia de introdução”, e um
posfácio, “Começo e fim de uma aventura”.
A obra narra as atribuições de um
português, Zacarias d’Almeida, natural de Alcanhões, enredado numa situação de
troca de identidades, por terras do norte da Europa.
A construção do romance segue uma
trama cheia de intensidade, deixando o leitor na perspetiva de pensar que já
percebeu toda a intriga, e, de repente, ver tudo a baralhar-se novamente. A ação
segue um ritmo fulgurante, cheio de peripécias e incidentes, prendendo sempre a
atenção do leitor.
Não deve o leitor também deixar de
apreciar o humor cáustico de José Rodrigues Miguéis sobre as instituições da
época, e ver a atualidade de algumas observações cerca de 70 anos mais tarde.
Trata-se de uma obra única no panorama da literatura policiaria em Portugal, pela construção do enredo e pela própria construção narrativa, que deixa o leitor a duvidar sobre quem será o narrador.


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